19 março 2009

A Solidão dos Números Primos - Paolo Giordano (2008)

Chamar-lhe o melhor romance de 2008, como anunciava a fita vermelha que envolvia o corpo do livro, parece-me exagerado. Não é que eu tenha lido muitos romances editados o ano passado, mas mesmo o Destino Turístico não lhe fica atrás. Lê-se rápido, de um só fôlego - é uma vantagem - mas não me deixou estupefacta, como gosto de ficar. Se eu fosse a marketter encarregue deste livro, mandaria escrever na fita vermelha - "Melhor Prenda de Natal - 2008". Aposto que a maioria das pessoas dá-lhe no mínimo um 7 (de 0 a 10), pois é de agradável paladar.

Os primeiros capítulos são dedicados a dois acontecimentos trágicos que tranformam o romance entre um geek e uma anorética numa dark novel, ao mesmo tempo que dá carisma a este relacionamento e que distingue estes dois outsiders dos restantes mortais. Mas, como já disse anteriormente neste blog, quem é que não se sente E.T., nem que seja uma vez por outra? Enfim, a eterna saga dos inadaptados.

Paulo Giordano, autor do livro, é um jovem Físico italiano de 25 aninhos. Geek! :D

O livro tem a particularidade de me ter ensinado o que são números primos gémeos, o que não deixou de ser interessante. Foi também curioso andar por Amesterdão e ver publicidade deste livro espalhada por toda a cidade como que a relembrar-me que ainda não tinha escrito o post.

Como é hábito, deixo-vos com uma das minhas passagem favoritas, que me fez lembrar paranóias dos tempos de faculdade:

"Durante os quatro anos da faculdade a matemática conduzira-o aos recantos mais remotos e fascinantes do raciocínio humano. Mattia recopiava as demonstrações de todos os teoremas que encontrava no seu estudo com um ritualismo meticuloso. (...)Quando dava por si a hesitar em demasia numa passagem, ou se enganava a alinhar uma expressão após um sinal de igual, empurrava a folha para o chão e recomeçava do princípio. Chegado ao fim daquelas páginas densas de símbolos, de letras e números, escrevia a sigla cqd e por instantes tinha a impressão de ter posto em ordem um pequeno pedaço do mundo. Então, recostava-se na cadeira e cruzava as mãos sem as fazer roçar uma na outra."

3 comentários:

Filipe disse...

A Solidão dos Números Primos escrito por um físico quase adolescente sobre o relacionamento "dark" de um geek com uma anorética, que beleza!
Tens razão numa coisa, todos nos sentimos ET's de vez em quando mas não achas isto exagerado, pelo menos pelo resumo que fizeste do livro.
Acho que não vou ler. Ficaria preocupado se me sentisse confortável, prefiro viver na negação :D

Reparei que o Saramago saiu da mesinha de cabeceira, falta-te tempo ou é apenas incapacidade para digerir o que vai além do mundano?

Zaracotrim disse...

Posso ter transmitido uma ideia errada, mas este livro não é propriamente banal.
Quanto ao ensaio sobre a cegueria, vou ver se esqueço o filme para ler o livro de vez.

cris disse...

tenho o livros mas ainda não li...está na minha fila de livros a ler...
visita o meu blog:
http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com
boas leituras!