Já andava a namorar este livro há algum tempo. Li algures um artigo sobre os autores e dois pontos suscitaram o meu interesse: as histórias (não consigo habituar-me a estórias) de Jorge Araújo eram acompanhadas com ilustrações de Pedro Sousa Pereira – este 2 em 1 fascina-me; ambos nasceram em ex-colónias portuguesas.
Recentemente, enquanto atravessava uma daquelas fases em que nenhum livro tem a capacidade de "me agarrar" especialmente, resolvi finalmente comprá-lo, mais uma vez em duplicado – um para oferecer (já leste Catas?) e outro para guardar. Esta pseudo-história-infantil deu corda à minha imaginação e gostei de me perder pela Cave (buracos do esgoto onde vivem meninos da rua que têm medo de crescer e ficarem sem buraco onde viver). No meio deste cenário enclausurante surge uma história de amor além fronteiras que dá a pincelada fulcral a esta história de encantar. Quando cheguei à página 152 – supostamente ao final do livro – dei de caras com um posfácio escrito por um tal Pedro Ayres Magalhães que roubou, sem dó nem piedade, a nuvenzinha mágica que pairava sobre a minha cachimónia. A análise metafórica do senhor, que pelos vistos tem algum crédito, tendo em conta que foi publicada juntamente com o livro, está envolta num espírito tão… como dizer… tão gélido, que sinceramente fiquei de mau humor. Eu que até gosto de viragens repentinas na moral de uma história, esta achei-a muito pouco estética, para não dizer ética. Ou seja, eu que já estava preparada para fazer um comentário todo pimpolho a este livro, fiquei sem vontade nenhuma. Por isso o meu conselho é: se quiserem ler um conto engraçadote com umas ilustrações giras, leiam este singelo livro, como o posfacista o adjectiva, mas antes arranquem as últimas 13 páginas.
Sem comentários:
Enviar um comentário