08 janeiro 2009

O Destino Turístico - Rui Zink (2008)

É sempre confortável encontrar um livro que após largos meses sem conseguirmos terminar um, nos apega e ficamos desejosos de chegar a casa só para ler mais um bocadinho. Felizmente foi o que me aconteceu com "O Destino Turístico" e agora já sinto saudades por hoje à noite não o ler. Gosto muito da escrita do Zink, já o conhecia, mas ainda não tinha lido um livro dele até ao fim. Parece que escreve para si próprio. Por vezes julgamos conseguir descortinar nitidamente as voltas que vai dando à narrativa, mesmo os recuos que faz quando uma ideia não se afigura tão genial como inicialmente aparentava, digo eu...
Este conto sobre Greg, ou Guereg, como queiram, que pretende morrer mas que não tem coragem para se suicidar, vive de uma ideia criativa que inicialmente nos reporta para paragens longíquas, levados por uma realidade estranha do espaço da acção que se assemelha mais a paragens no médio oriente, mas que aos poucos nos faz suspeitar que quiça esta "zona" onde decorre a narrativa afinal não é assim tão longe.
Se não me engano, há tempos ouvi o Rui Zink contar uma história de ter sido processado por ter dado um pontapé a um carro que não o deixou passar numa passadeira... foi engraçado recortar este acontecimento do livro.

"Greg atravessou o pátio e teve o segundo não-déjá vu do dia. Por uma razão qualquer, quase tinha a certeza de que ia encontrar a jornalista e o câmara à beira da piscina. (...) E lá não-estava ela, exactamente na mesma posição em que no dia anterior. (...)Um não-déjá vu era, de certo modo, simultaneamente o oposto e o dobro de um déjá vu. Este, o produto original, consistia na sensação estranha de voltar a ver uma cena tal & qual nos recordávamos de a ter vivido. Tendo isto em conta, a não-repetição da cena era, simplesmente, a não-repetição da cena. Um não-acontecimento. E um não-acontecimento era, por definição... enfim, um não acontecimento. Algo que não acontecera. Fumo. Fumo de nada. Nada. Só que, por outro lado, o facto de uma pessoa esperar um déjá vu não faria, desde logo, com que isso fosse (até certo ponto) um déjá vu?"

2 comentários:

PJF disse...

Bem vinda de volta!!! Já fazias falta na blogosfera.

Em breve vou fazer uma recensão no meu (quando acabar o que estou a ler).

Zaracotrim disse...

Fico à espera :D